sábado, 6 de novembro de 2010

Letra pode indicar Distúrbios de Aprendizagem

A letra feia e ilegível, vista muitas vezes como resultado da falta de capricho, pode indicar um distúrbio de aprendizagem chamado disgrafia. O problema, que costuma ser observado um ou dois anos depois que a criança aprende a escrever, pode estar ligado a uma deficiência na coordenação motora fina ou até a um conflito emocional.

Segundo Simone Capellini, professora e pesquisadora do departamento de Fonoaudiologia da Unesp, o que diferencia uma letra sem capricho da disgrafia é a criança ter também outras dificuldades motoras leves, como problemas na hora de amarrar o sapato ou abotoar a camisa. “Disgrafia está ligada à dificuldade que a criança tem em coordenar as informações visuais e a realização motora do ato. Se a criança tiver apenas dificuldade para escrever, mas não apresentar problemas em outras atividades motoras, provavelmente ela não tem o distúrbio”, explica.

Apesar de muitos disléxicos apresentarem disgrafia, nem todos os disgráficos têm dislexia, que é uma dificuldade geral nas áreas da leitura, escrita e soletração das palavras. A diferença básica, segundo Luciana Reis, fonoaudióloga do Centro de Fonoaudiologia, no Rio de Janeiro, é que a disgrafia é um distúrbio estritamente do campo da escrita. A criança sente cansaço ao escrever, tem uma desorganização espacial e uma escrita lenta. “Em geral, a criança com este distúrbio não entende o que ela mesma escreve algum tempo depois”, diz.

Raquel Caruso, psicopedagoga e coordenadora da Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico (EDAC), acredita que os professores costumam demorar a perceber o problema, já que estão mais preocupados com o desenvolvimento intelectual dos alunos do que com a parte visual-motora. “Não se treina muito a parte espacial da criança, então fica difícil exigir depois que ela tenha uma boa escrita”, explica Raquel.

Existem dois tipos básicos de disgrafia: a motora e a pura. A motora atinge a maioria dos disgráficos e é a dificuldade em escrever palavras e números corretamente. Já a disgrafia pura é um pouco mais difícil de ser diagnosticada. Segundo Caruso, é aquela que atinge a criança depois de algum trauma emocional. “Às vezes, a criança tenta chamar a atenção para algum problema através da letra” completa.

Por ser um distúrbio ainda pouco conhecido entre pais e professores, muitos casos passam despercebidos, o que faz com que os disgráficos sejam rotulados como “desleixados”. Se nada for feito, eles podem perder o interesse pela escola e pelos estudos.

De acordo com Reis, a criança que tem disgrafia deve brincar com massinha de modelar, argila e pintar. “Todos os exercícios que trabalham com as mãos são bons”, afirma. Além destas atividades, Capellini destaca também a importância dos esportes. “Eles ajudam muito porque trabalham a orientação espacial e a coordenação motora da criança”, diz. Jogar vôlei, peteca e xadrez podem trazer grandes benefícios para a melhora da letra, porque fazem com que a criança use as mãos e aprenda a planejar os movimentos.

A idade mais indicada para se começar a tratar a disgrafia é a partir dos oito anos, quando a letra começa a se firmar. Quando não tratada, o distúrbio pode trazer problemas mais sérios na vida adulta, entre eles a dificuldade de comunicação. “Para entrar numa faculdade, por exemplo, é preciso escrever uma redação. Se a letra não for legível, o candidato já fica em desvantagem”, diz Raquel. Ela explica também que pessoas com disgrafia geralmente não conseguem se localizar em mapas, pela falta de noção de espacialidade.

Alguns tipos de letra e os possíveis conflitos emocionais da criança.

- Letra pequena demais pode indicar timidez excessiva.

- Letras grandes demais podem indicar uma criança que necessita estar sempre no centro das atenções.

- Letras feitas com muita força, que chegam a marcar as outras páginas do caderno, podem indicar que a criança esteja tensa.
FONTE: PortalAZ

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

PAC-Processamento Auditivo Central

Processamento Auditivo Central (PAC) compreende um conjunto de habilidades auditivas realizadas pelo sistema nervoso central que são necessárias para a interpretação das informações auditivas. É ouvir e entender o que ouviu. Podemos destacar as habilidades: detecção, localização e lateralização da fonte sonora, reconhecimento, discriminação, atenção seletiva e sustentada, memória de curta duração e aspectos temporais da audição. ASHA (1996).

O que é DPAC?
O Distúrbio do Processamento Auditivo Central refere-se a alterações em uma ou mais destas habilidades auditivas, levando à dificuldades de linguagem e aprendizagem. A pessoa pode ter audição periférica normal e apresentar dificuldade de compreender o que é falado.

Causas do DPAC
As causas do DPAC podem ser as mais variadas possíveis, porém, podemos destacar:
Otites freqüentes na primeira infância (a privação sensorial provocada por otites de repetição pode causar dificuldade para reconhecer padrões sonoros e na formação dos engramas dos sons da fala).
Alterações de ouvido médio e interno;
Pouca estimulação auditiva;
Disfunções subclínicas das vias auditivas causadas por: hiperbilirrubinemia, anóxia neonatal, sífilis, malformações congênitas, entre outros;
Hereditariedade;
Síndromes neurológicas; doenças neurológicas e degenerativas; epilepsia, entre outros.

Sinais e Sintomas
Indivíduos com DPAC podem apresentar alguns destes sintomas, e não necessariamente todos os listados abaixo:
Solicitam freqüentemente a repetição da mensagem falada dizendo: hã?, o que?, oi?; São distraídos e desorganizados;
Têm comportamento agitado ou quieto demais;
Têm dificuldade em seguir direções e instruções orais;
Apresentam vocabulário restrito;
Têm dificuldade em compreender a mensagem falada em presença de ruído competitivo;
Têm dificuldade de memória e, tempo de atenção curto;
Têm dificuldade em entender piadas e mensagens de duplo sentido; confundem o que ouvem;
Apresentam dificuldades de linguagem, fala, leitura e/ou escrita.

Avaliação do Processamento Auditivo Central
Para se determinar se há ou não DPAC, é necessário se submeter a uma série de procedimentos comportamentais de avaliação audiológica, a fim de detectar qual o impacto destas alterações na comunicação.
Além disso, a avaliação do PAC pode ajudar a traçar o plano terapêutico para o indivíduo afetado, direcionando a reabilitação fonoaudiológica.
Um pré-requisito para a avaliação do PAC é a audiometria e a impedanciometria. Pode-se complementar, quando necessário, com procedimentos eletrofisiológicos. A partir dos 5 anos de idade já é possível realizar a avaliação do PAC, porém, não se pode dar diagnóstico de PAC antes dos 7 anos, devido à imaturidade neurológica de algumas vias auditivas centrais antes desta idade.
Importante: DPA não é surdez! A criança pode ter audição normal e ter dificuldade na compreensão do que lhe é dito.

Reabilitação do Processamento Auditivo Central
O trabalho multidisciplinar é fundamental neste processo, envolvendo a escola, fonoaudiólogos, neuropediatras, psicólogos, psicopedagogos e demais profissionais que lidam com a criança.

AVALIAÇÃO DE PAC >>> INFORME-SE POR E-MAIL >>> vlm.psico@yahoo.com.br

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Consciência Fonológica

Denomina-se consciência fonológica a habilidade metalinguística de tomada de consciência das características formais da linguagem. Esta habilidade compreende dois níveis:

1. A consciência de que a língua falada pode ser segmentada em unidades distintas, ou seja, a frase pode ser segmentada em palavras; as palavras, em sílabas e as sílabas, em fonemas.

2. A consciência de que essas mesmas unidades repetem-se em diferentes palavras faladas.(Byrne e Fielding-Barnsley, 1989).

Diferentes pesquisas têm apontado o papel do desenvolvimento da consciência fonológica para a aquisição da leitura e escrita. Estas pesquisas referem que o desempenho das crianças na fase pré-escolar em determinadas tarefas de consciência fonológica é preditivo de seu sucesso ou fracasso na aquisição e desenvolvimento da lecto-escrita (Juel, Griffith e Gough, 1986; Stanovich, Cunningham e Cramer, 1984; Capovilla, 1999; Guimarães, 2003). Crianças com dificuldades em consciência fonológica geralmente apresentam atraso na aquisição da leitura e escrita, e procedimentos para desenvolver a consciência fonológica podem ajudar as crianças com dificuldades na escrita a superá-los (Capovilla e Capovilla, 2000).

A consciência fonológica, ou o conhecimento acerca da estrutura sonora da linguagem, desenvolve-se nas crianças ouvintes no contato destas com a linguagem oral de sua comunidade. É na relação dela com diferentes formas de expressão oral que essa habilidade metalingüística desenvolve-se, desde que a criança se vê imersa no mundo lingüístico. Diferentes formas lingüísticas a que qualquer criança é exposta dentro de uma cultura vão formando sua consciência fonológica, entre elas destacamos as músicas, cantigas de roda, poesias, parlendas, jogos orais, e a fala, propriamente dita.

As sub-halidades da consciência fonológica são:

Rimas e aliterações
Consciência de palavras
Consciência silábica
Consciência fonêmica

Rima e Aliterações
A rima representa a correspondência fonêmica entre duas palavras a partir da vogal da sílaba tônica. Por exemplo, para rimar com a palavra SAPATO, a palavra deve terminar em ATO, pois a palavra é paroxítona, mas para rimar com CAFÈ, a palavra precisa terminar somente em È, visto que a palavra é oxítona. A equidade deve ser sonora e não necessariamente gráfica, ou seja, as palavras OSSO e PESCOÇO rimam, pois o som em que terminam é igual, independente da forma ortográfica.

Já a aliteração, também recurso poético, como a rima, representa a repetição da mesma sílaba ou fonema na posição inicial das palavras. Os trava-línguas são um bom exemplo de utilização da aliteração, pois repetem, no decorrer da frase, várias vezes o mesmo fonema.

Os pesquisadores Goswami e Bryant (1997) realizaram estudos a respeito da consciência fonológica e comprovaram que a habilidade de detectar rima e aliteração é preditora do progresso na aquisição da leitura e escrita. Isto ocorre, porque a capacidade de perceber semelhanças sonoras no início ou no final das palavras permite fazer conexões entre os grafemas e os fonemas que eles representam, ou seja, favorece a generalização destas relações.

É comum vermos crianças de 4 ou 5 anos brincando com nomes dos colegas em jogos de rimas como: "Gabriel cara de pastel, Fabiana cara de banana". Mesmo sem saber que isto é uma rima, a brincadeira espontânea das crianças atesta sua capacidade de consciência fonológica.

Consciência de palavras
Também chamada de consciência sintática, representa a capacidade de segmentar a frase em palavras e, além disso, perceber a relação entre elas e organizá-las numa seqüência que dê sentido. Esta habilidade tem influência mais precisa na produção de textos e não no processo inicial de aquisição de escrita. Ela permite focalizar as palavras enquanto categorias gramaticais e sua posição na frase. Contar o número de palavras numa frase, referindo-o verbalmente ou batendo uma palma para cada palavra, é uma atividade de consciência de palavras. Por exemplo: Quantas palavras há na frase: "O cachorro correu atrás do gato?" Ao responder corretamente esta questão ou batendo uma palma para cada palavra, enquanto repete a frase, a criança demonstra sua habilidade de consciência sintática. Além disso, ordenar corretamente uma oração ouvida com as palavras desordenadas também é uma capacidade que depende desta habilidade.

Déficit nesta habilidade pode levar a erros na escrita do tipo aglutinações de palavras e separações inadequadas. Embora esses erros sejam comuns no processo inicial de aquisição da escrita, como por exemplo, escrever: OGATO (aglutinação) ou SABO NETE (separação), a persistência destes tipos de erros pode ser motivada por uma dificuldade de consciência sintática. Esta habilidade implica numa capacidade de análise e síntese auditiva da frase.

Consciência da sílaba
Consiste na capacidade de segmentar a palavras em sílabas. Esta habilidade depende da capacidade de realizar análise e síntese vocabular. Segundo o dicionário Michaelis, a análise é a decomposição em elementos constituintes (neste caso, a sílaba) e a síntese é a operação mental pela qual se constrói um sistema; agrupamento de fatos particulares em um todo que os abrange e os resume (aqui, a palavra).

Zorzi (2003) faz uma análise da psicogênese da escrita relacionando-a com o desenvolvimento das habilidades de consciência fonológica. Segundo o autor, a criança só avança para a fase silábica de escrita (de acordo com a classificação de Emília Ferrero), quando se torna atenta às características sonoras da palavra, especialmente quando ela chega ao nível do conhecimento da sílaba.

Atividades como contar o número de sílabas; dizer qual é a sílaba inicial, medial ou final de uma determinada palavra; subtrair uma sílaba das palavras, formando novos vocábulos, são dependentes esta subhabilidade da consciência fonológica.

Consciência fonêmica
Consiste na capacidade de analisar os fonemas que compõe a palavra. Tal capacidade, a mais refinada da consciência fonológica, é também a última a ser adquirida pela criança.

É no processo de aquisição da escrita que esse tipo específico de habilidade passa a se desenvolver. As escritas de um sistema alfabético, como o português, o inglês e o francês, por exemplo, permitem que os indivíduos tomem contato com as estruturas mínimas do linguagem: os fonemas; o que não é possível num sistema de escrita silábico ou ideográfico.

Desta forma, percebemos que um certo nível de consciência fonológica é imprescindível para a aquisição da lectoescrita, ao mesmo tempo em que, com domínio da escrita, a consciência fonológica se aprimora. Ou seja, estágios iniciais da consciência fonológica contribuem para o desenvolvimento dos estágios iniciais do processo de leitura e estes, por sua vez, contribuem para o desenvolvimento de habilidades de consciência fonológica mais complexas.

Atividades como dizer quais ou quantos fonemas formam uma palavra; descobrir qual a palavra está sendo dita por outra pessoa unindo os fonemas por ela emitidos; formar um novo vocábulo subtraindo o fonema inicial da palavra (por exemplo, omitindo o fonema /k/ da palavra CASA, forma-se a palavra ASA), são exemplos em que se utiliza a consciência fonêmica.

A consciência fonológica associada ao conhecimento das regras de correspondência entre grafemas e fonemas permite à criança uma aquisição da escrita com maior facilidade, uma vez que possibilita a generalização e memorização destas relações (som-letra).

Estudos sugerem que a crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita devem participar de atividades para desenvolver a consciência fonológica, em programas de reforço escolar ou terapias com profissionais especializados, como fonoaudiólogo ou psicopedagogo. Além disso, as escolas podem desenvolver desde a pré-escola, atividades de consciência fonológica com objetivo preventivo, a fim de minimizar as possíveis dificuldades futuras na aquisição da escrita (Guimarães, 2003).
Fonte:Fono&Saúde

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Dificuldades de Aprendizagem e imaturidade

As etapas do desenvolvimento infantil devem acontecer de forma saudável para que a construção do conhecimento na aprendizagem formal seja alcançado com sucesso. Essas etapas devem ser vivenciadas em sua totalidade, preparando sempre para etapas seguintes.
É comum na prática clínica o atendimento com crianças que não conseguem aprender devido baixa maturidade. Queixas na áreas da linguagem, matemática, entre outras, podem ter suas origens na falta de prontidão para a aprendizagem formal. A escola exige desse aluno maior comprometimento, disciplina, tarefas, enfim, o nível de exigência para o crescimento físico não acompanha o nível mental, emocional. É importante nesse momento, incluir a família para que os resultados possam acontecer. A postura familiar, o lidar com a rotina em casa e na escola podem favorecer esta evolução. Quando uma criança não deseja o crescimento por não conseguir, achar difícil ou mesmo complicado o que está vivenciando, também não conseguirá acompanhar suas tarefas escolares.
Atividades com jogos, interesses e outros podem contribuir para uma melhora do quadro. Penso ser importante também exames complementares para verificar se o organismo está funcionando bem. A avaliação motora nesses casos também se faz necessário para uma melhor percepção de aspectos que são importantes para o desenvolvimento, como por exemplo, motricidade fina e grossa.
Diante desse quadro e entendendo que muitos aspectos podem impedir o sucesso no processo ensino-aprendizagem podemos afirmar que em alguns casos, quando uma criança não vai bem na escola, nem sempre estamos diante de uma dificuldade na aprendizagem. Neste caso temos então dificuldades em lidar com o crescimento, não sendo possível para tais crianças acompanhar métodos e procedimentos que estão além do seu momento intelectual, afetivo, social.
Um trabalho multidisciplinar incluindo escola, família e profissionais especializados podem antecipar o diagnóstico das dificuldades escolares de crianças com este quadro clínico, criando novas possibilidades em suas aprendizagens.

Por Vanessa Machado

(Este artigo está em Artigos.com)
http://www.artigos.com/artigos/humanas/educacao/dificuldades-de-aprendizagem-e-imaturidade-12250/artigo/

segunda-feira, 12 de julho de 2010

segunda-feira, 24 de maio de 2010

DISCALCULIA

Tropeçando em números

Confusões com os sinais matemáticos e dificuldades para fazer simples continhas podem estar ligadas a um distúrbio neurológico.

Paola Gentile

Que número vem depois do 22? Para a grande maioria das crianças que passou pela primeira série, a resposta é quase automática. Mas, para algumas poucas, acertar a sequência dos números é um grande desafio. A razão pode estar na discalculia, um problema causado por má formação neurológica e que se manifesta como uma dificuldade da criança em realizar operações matemáticas, classificar números e colocá-los em sequência. Nas fases mais adiantadas da vida escolar, a discalculia também impede a compreensão dos conceitos matemáticos e sua incorporação na vida cotidiana. Detectar o problema, no entanto, não é fácil.

Na pré-escola, já é possível notar algum sinal do distúrbio, quando a criança apresenta dificuldade em responder às relações matemáticas propostas - como igual e diferente, pequeno e grande. Mas ainda é cedo para um diagnóstico preciso. É só a partir dos 7 ou 8 anos, com a introdução dos símbolos específicos da matemática e das operações básicas, que os sintomas se tornam mais visíveis. Foi o que aconteceu com Inês, hoje com 16 anos. Nos primeiros anos escolares, ela era vista pelos professores como uma menina indisciplinada, que não prestava atenção nas aulas e, por isso, tinha aproveitamento ruim, especialmente em matemática. A discalculia só foi diagnosticada depois que Inês passou por várias escolas e repetiu de série.

Embora reconheça os números, a criança que tem o distúrbio não consegue estabelecer relações entre eles, montar operações e identificar corretamente os sinais matemáticos. Para ela, é como se, de repente, o professor estivesse falando uma língua desconhecida. Mas, ao contrário do que muitos pais imaginam, a discalculia nada tem a ver com inteligência, podendo atingir pessoas com bom potencial de aprendizagem em diversas áreas. Geralmente, ela aparece associada a outros distúrbios - como a DDA (Desordem do Déficit de Atenção), que se reconhece pela dificuldade de concentração e organização. Além disso, é comum a falta de noção espacial, levando quem tem o problema a derrubar objetos, esbarrar em móveis, como se não tivesse noção da extensão de seus braços e pernas.

Semelhante à dislexia - dificuldade com o aprendizado da leitura e da escrita , a discalculia infantil ocorre em razão de uma falha na formação dos circuitos neuronais, ou seja, na rede por onde passam os impulsos nervosos. Normalmente os neurônios - células do sistema nervoso - transmitem informações quimicamente através de uma rede. A falha de quem sofre de discalculia está na conexão dos neurônios localizados na parte superior do cérebro, área responsável pelo reconhecimento dos símbolos.


Reflexos no aprendizado
Veja os requisitos necessários para o aprendizado da matemática e as dificuldades causadas pela discalculia.

Aptidões esperadas

Dificuldades

3 a 6 anos
  • Ter compreensão dos conceitos de igual e diferente, curto e longo, grande e pequeno, menos que e mais que
  • Classificar objetos pelo tamanho, cor e forma
  • Reconhecer números de 0 a 9 e contar até 10
  • Nomear formas
  • Reproduzir formas e figuras
  • Problemas em nomear quantidades matemáticas, números, termos, símbolos
  • Insucesso ao enumerar, comparar, manipular objetos reais ou em imagens
6 a 12 anos
  • Agrupar objetos de 10 em 10
  • Ler e escrever de 0 a 99
  • Nomear o valor do dinheiro
  • Dizer a hora
  • Realizar operações matemáticas como soma e subtração
  • Começar a usar mapas
  • Compreender metades, quartas partes e números ordinais
  • Leitura e escrita incorreta dos símbolos matemáticos
12 a 16 anos
  • Capacidade para usar números na vida cotidiana
  • Uso de calculadoras
  • Leitura de quadros, gráficos e mapas
  • Entendimento do conceito de probabilidade
  • Desenvolvimento de problemas
  • Falta de compreensão dos conceitos matemáticos
  • Dificuldade na execução mental e concreta de cálculos numéricos









Entrevistados: Nivea Maria Fabrício, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia;Luiz Celso Pereira Vilanova, chefe da neurologia infantil da Universidade Federal de São Paulo.
Revista Crescer
Editora Globo S.A



quinta-feira, 20 de maio de 2010

TDAH


O que é TDAH?

É um transtorno neuropsicológico com base biológica, que afeta 10% da população mundial, de caráter hereditário, onde observamos a nível de lobo frontal do cérebro, uma baixa concentração de dopamina e/ou noradrenalina em regiões sinápticas das conexões neuronais das vias dopaminérgicas e noradrenérgicas, levando a uma tríade sintomatológica clássica de falta de atenção sustentada e/ou hiperatividade e impulsividade, levando a uma série de alterações comportamentais e de relacionamento, com graves conseqüências caso não seja detectado e tratado precocemente entre os 6 e os 12 anos, pois o TDAH não tratado vai resultar em problemas na vida de relações das crianças e adultos (com pais, colegas, amigos, chefes, autoridades, etc.) comprometendo muitas vezes também o aprendizado.

OBS: TDAH não é simples transtorno como se apresentava inicialmente, mas sim, um grave problema de saúde, dos mais estudados hoje nos países desenvolvidos.

Quais são as complicações mais freqüentes do TDAH não tratado?

O TDAH não tratado serve de substrato para o desenvolvimento de várias comorbidades, que segundo trabalhos do Dr. Bierderman e colaboradores, ocorrem em 51% das crianças e 77% dos adultos com TDAH, dentre elas, podemos citar a ansiedade generalizada, depressão, síndrome de pânico, transtorno do comer compulsivamente, jogar compulsivamente, hiper-sexualidade (40% das meninas americanas vão para a gravidez precoce e 15% para as doenças sexualmente transmissíveis), transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno opositor desafiador (TOD), transtorno de conduta (TC) com pequenos furtos e mentiras, podendo evoluir para personalidade ante-social e dependência química, tendo ainda como conseqüência a evasão escolar precoce, delinqüência infanto-juvenil, relacionamentos amorosos conturbados, acidentes de trânsito onde são os motoristas os culpados, acidentes em esportes radicais etc.

"A TDAH não tratado vai resultar em problemas na vida de relações das crianças e adultos"

Como diagnosticar o TDAH?

O diagnóstico é eminentemente clínico, baseando-se em critérios operacionais clínicos, claros e bem definidos, proveniente de sistemas classificatórios confiáveis, executados por equipe multidisciplinar (médicos, psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos, psiquiatras, neurologistas etc.)

Quais são os tipos de TDAH?

Vamos encontrar 04 tipos de TDAH com ou sem comorbidades.

a) TDAH do tipo predominante desatento.

Sintomas: falta de atenção sustentada, distrabilidade.

Obs: Geralmente crianças dóceis, fáceis de se lidar, porém com dificuldade de aprendizagem desde o início de sua vida escolar, pois sua falta de atenção sustentada não deixa que ela mostre seu potencial.

b) TDAH do tipo Hiperativo/Impulsivo.

Obs: Geralmente não apresentam dificuldade a nível de aprendizagem nos primeiros anos de vida escolar, podendo aparecer problemas de aprendizagem, com evolução do grau de dificuldade geralmente por volta da 5ª série ou mesmo, posteriormente. Desenvolvem um padrão de comportamento disfuncional tumultuando as aulas, são resistentes à frustração, imediatista e com dificuldade de seguir regras e instruções, por isso apresentam altas taxas de impopularidade e de rejeição pelos colegas.

c) TDAH do tipo combinado.

Sintomas: Falta de atenção sustentada, hiperatividade e impulsividade.

Obs: Apresenta maior prejuízo no funcionamento global. Quando comparado aos outros 2 tipos é o que apresenta também maior número de comorbidades.

d) Tipo inespecífico.

Quando não apresentam o número de sintomas suficientes para serem classificados em nenhum dos tipos acima, porém alguns dos sintomas estão presentes e prejudicando seu desempenho escolar, familiar e profissional, o critério passa a ser então mais dimensional do que quantitativo.

"Um padrão de comportamento disfuncional que tumultua as aulas é um tipo de sintoma do TDAH"

O TDAH desaparece na adolescência?

Não, o paciente não tratado em sua maioria absoluta leva para a adolescência e idade adulta o TDAH, sendo que no início da adolescência o quadro hiperativo desaparece e surge em seu lugar uma energia nervosa e uma inquietação cognitiva, permanecendo a impulsividade, e se não tratado leva o individuo a enfrentar uma série de dificuldades e o agravamento das comorbidades.

Qual a relação do TDAH com a dificuldade de aprendizagem?

O TDAH representa 80% de todas as causas de dificuldade no aprendizado. Contudo, outras patologias devem ser investigadas, tais como: debilidade mental, síndrome do X frágil, epilepsias, síndrome de Tourette e outras patologias neurológicas e sistêmicas.

"O TDAH representa 80% de todas as causas de dificuldade no aprendizado"

Qual o tipo de abordagem terapêutica mais eficaz para o tratamento do TDAH?

A abordagem terapêutica é feita de forma multidisciplinar, envolvendo tanto o diagnóstico quanto o tratamento onde, profissionais médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos, psiquiatras, neurologistas, neuropediatras, pediatras etc., são envolvidos no processo, com técnicas específicas como a terapia cognitivo comportamental (TCC) aos cuidados dos Psicólogos e Psiquiatras, e o uso de medicações neuroestimulantes e medicamentos específicos no tratamento das comorbidades. As patologias neuropsicológicas com base biológica não respondem bem a outros tipos de terapias.

Qual a situação atual dos países desenvolvidos em relação ao tratamento da TDAH?

Todos sabemos, que nos países de 1° mundo, a educação e saúde são primordiais, o que justifica em parte ser um país de 1°mundo. Nos Estados Unidos, numa população alvo em torno de 25 milhões de pacientes, mais de 10 milhões encontra-se em tratamento. No Canadá, numa população alvo, de aproximadamente 13 milhões, 8 milhões encontram-se em tratamento.

Na Alemanha, numa população alvo, de 25 milhões de habitantes, aproximadamente 8 milhões encontram-se em tratamento, comparados ao Brasil, com uma população alvo em torno de 17 milhões, para 30 mil pacientes em tratamento, observamos que a nossa situação é grave, de perspectivas sombrias, se as autoridades de saúde publica e educacional não tomarem conhecimento e medidas efetivas para tratar os pacientes com TDAH.

"No Brasil de uma população alvo em torno de 17 milhões, 30 mil pacientes estão em tratamento"

Qual as maiores dificuldades para o tratamento do TDAH?

Falta de centros de referência com pessoal treinado, capacitado e habilitado para diagnóstico e tratamento e a educação no sistema de saúde pública e nas escolas. Outro entrave grave inerente aos países do 3° mundo e a ignorância de um modo geral, isto é, o desconhecimento das instituições e das pessoas em relação às conseqüências de um TDAH não tratado. Não podemos deixar de citar o preconceito, resultado da ignorância, como um dos fatores que entravam e dificultam o tratamento do paciente com TDAH.

É preciso educar, educar e educar para se chegar com maior facilidade a recuperação da saúde do paciente com TDAH.

Na finalização desse processo é fundamental que haja uma avaliação adequada e objetiva da gravidade dos sintomas e/ou qualidade de vida do paciente.

É importante que a família e a escola aprendam a lidar com esta criança, que responde muito melhor, ao reforço positivo do que a punição.

A criança com TDAH na escola, na família e na sociedade, está sempre "fora do contexto", é como se tentássemos encaixar um prego redondo num buraco quadrado.

Esta criança tem que ser envolvida, motivada, para que ela mostre todo o seu potencial, pois são crianças inteligentes, criativas e intuitivas, na realidade esta criança não tem déficit de atenção, ela tem sim, uma inconstância na atenção e são capazes de uma hiperconcentração quando houver motivação.

O sucesso do tratamento está diretamente ligado ao suporte terapêutico, com diagnóstico técnico e a terapia cognitiva comportamental, onde a participação da escola, na figura do professor, da família como um todo e da equipe interdisciplinar que envolve um número de profissionais específicos para cada caso é que levarão ao sucesso do tratamento.

Devemos alertar que a interferência de pessoas que não conhecem o TDAH, mesmo sendo às vezes profissionais de áreas afins, funciona como um agravante no tratamento do TDAH, por retardar o tratamento e agravar as comorbidades.

Fonte:www.tdah.com.br

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Criança e leitura

Proporcionar a uma criança que ela crie o hábito da leitura é uma tarefa que deve envolver também o hábito daqueles que com ela convive. O universo infantil é cheio de faz-de-conta e a criança sempre leva para o imaginário seu mundo real. Daí a importância de que desde pequenas sejam estimuladas a amarem os livros como forma de incentivar seu potencial criativo.

Nesse processo é de suma importância que os primeiros livros sejam aqueles mais resistentes, para que a criança possa explorá-los de todas as formas que tiver interesse. Comumente vemos pais chamando a atenção dos pequenos para que não façam mau uso dos livros, como riscar, amassar ou rasgar. Mas como a criança irá gostar de um material e se vincular a ele se não puder mantê-lo próximo ou utilizá-lo naquilo que gera prazer, com coisas que já consegue fazer?

Para que a criança sinta-se envolvida pelos livros é importante que possa manifestar suas vontades diante dos mesmos, podendo escrever em suas páginas a história da forma como ela mesma imagina, com rabiscos ou desenhos, que mesmo não tendo significado para o adulto o tem para a criança. Aos poucos o pequeno vai internalizando os conceitos da história além de abrir-lhe a possibilidade de recontá-la do seu jeitinho, de acordo com a sua idade e capacidade, levando-a ao enriquecimento da imaginação, da criatividade e da linguagem.


O fascínio da leitura leva à concentração

É importante também que a criança se torne um bom ouvinte, que ela tenha condições de participar de momentos de narração de histórias, seja pelos pais, pessoas envolvidas em seu processo educativo ou ainda em livrarias, shoppings, teatros, etc. Mas nesse caso, é primordial que o contador já conheça a história, para que não faça a leitura corrida da mesma, de forma fria e sem atrativos, mas que a conte como se estivesse conversando com a criança e com os personagens, criando um fascínio por aquele que a ouve.

Hoje já existem edições de livros que vem com várias formas ativas de participação e envolvimento tanto do leitor como do ouvinte. São livros cheios de estímulos sonoros e mesmo visuais, como figuras tridimensionais, fantoches, sons das vozes dos personagens ou músicas da própria história.

Ensinar os pequenos a amar os livros não é difícil, pois existe um encanto que as histórias sempre transmitem. Aliás, a história por si só, os personagens juntamente com o imaginário de cada um nos conduz a outros lugares, a outras sensações, o que acontece também com a criança. E a partir dessas prazerosas sensações, o desejo de sempre querer mais.

Fonte:Brasil Escola