Um tratamento baseado nas experiências com o próprio ambiente está
trazendo alívio para crianças e familiares que transitam no enigmático
universo autista: a ambientoterapia, na qual profissionais estimulam o
desenvolvimento e a socialização infantil. Os benefícios da técnica
foram avaliados na pesquisa realizada de uma clínica especializada e
apresentados no Congresso Internacional de Autismo, em Curitiba, no fim
do mês passado.
— Temos tido resultados eficazes. Em vez do
tratamento convencional, em que há um profissional para cada criança,
há várias crianças e vários profissionais interagindo constantemente —
explica a psicóloga Fabíola Scherer Cortezia, responsável pelo Espaço
Dom Quixote, de São Leopoldo, que fez o estudo.
Seis crianças
foram acompanhadas por um ano, duas vezes por semana, três horas por
dia, de forma transdisciplinar por psicóloga, psicopedagoga, terapeuta
ocupacional, psicomotricista, fonoaudióloga e musicoterapeuta.
A
pesquisa aponta que as seis crianças demonstraram, após dois meses,
maior tempo de troca de olhares com os profissionais estimuladores,
incremento no vocabulário, maior tolerância ao barulho e menor
agressividade. Após seis meses, foi possível perceber também maior
tolerância à mudança de rotina e sinais de troca e interação social
espontânea entre as crianças do grupo. Depois de 12 meses, os
benefícios continuaram.
— Buscamos estimular a interação da
criança com outros colegas e não apenas a interação com o terapeuta. Há
também a vantagem de que simulamos o ambiente com os pacientes,
preparando-os para o convívio social por meio de atividades usuais do
cotidiano, como passeios, lanches, brincadeiras em grupo, atividades
pedagógicas e motoras — explica Fabíola.
Fonte: Bem-estar